sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Caminhar pelo Cinema Português desde 1988...


O projecto do festival “Caminhos do Cinema Português” nasce em 1988 na sequência do Curso de Verão, com o nome homónimo, que a Sala de Estudos Cinematográficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra ministrava para estrangeiros e que se constituía como uma espécie de complemento às sessões teóricas para o visionamento de filmes.
Realizou-se então a primeira edição da então Mostra de Cinema Português, organizada à data entre a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e o Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra. Mostra esta que foi evoluindo, tornando-se mais tarde no Festival que projecta a produção cinematográfica nacional. O programa desta edição contou com obras de realizadores consagrados, tais como Paulo Rocha, Luís Filipe Rocha, João César Monteiro e o incontornável Manoel de Oliveira. Seguiram-se mais duas mostras em 1989 e 1990 que apostaram essencialmente em mostrar o cinema português tendo por base não um formato competitivo, mas sim uma temática. Na terceira edição, a programação subordinou-se a três grandes eixos que foram: O Documento – com a projecção de filmes como “Trás-os-Montes” de António Reis e Margarida Cordeiro, “Belarmino” de Fernando Lopes, “A Fuga” de Luís Filipe Rocha; O Texto – com filmes como “Amor de Perdição” de Manoel de Oliveira, “Conversa Acabada” de João Botelho, “Crónica dos Bons Malandros” de Fernando Lopes; O Imagiário – em que foram projectados filmes como “Verdes Anos” de Paulo Rocha, “Um Adeus Português” de João Botelho e Leonor Pinhão, entre muitos outros.
O evento sofreu então um interregno de sete anos e só volta a surgir com a quarta edição em 1997, numa organização do Centro de Estudos Cinematográficos/AAC. É a partir daí reconhecido como um evento de “manifesto interesse cultural”, e os Caminhos do Cinema Português afirma-se como o único Festival de Cinema Português. A quarta edição (outrora Mostra, agora Festival) deu destaque a toda a produção nacional, sempre com o intuito de dar a conhecer as obras pouco divulgadas e até inéditas junto do grande público.
A partir da quinta edição, os Caminhos do Cinema Português caracterizam-se pela afirmação como verdadeiro Festival de Cinema. Nesta edição do Festival foram atribuídos pela primeira vez prémios, com a constituição de um júri Oficial e com a auscultação do Público para premiar os filmes.
A estabilidade do Festival tem desde então sido uma constante, com a sucessiva introdução de novas actividades como os Ensaios Visuais e a Secção Caminhos Juniores, sendo a primeira dedicada às Escolas de Cinema e a segunda aos Jardins-de-Infância e Escolas do 1º Ciclo, criando-se desta forma um serviço educativo com o intuito de motivar as crianças e os docentes para o ensino por meio do audiovisual.
Desde 2003, o festival incorporou igualmente nas duas edições, uma vertente formativa, através do desenvolvimento de múltiplos workshops, com grandes nomes da cinematografia portuguesa como Abi Feijó, Virgílio de Almeida, Paulo Filipe Monteiro, Henrique Espírito Santo, Fernando Mateus e Cláudia Tomaz, entre outros.
De destacar a regularidade com que a Federação Internacional de Cineclubes nomeia Júris para avaliar os filmes em competição que sejam legendados em Francês ou Inglês e atribuir anualmente o Prémio D. Quijote, que para além de uma estatueta consiste ainda na selecção automática do filme vencedor para o Festival Internacional dos Cineclubes, organizado anualmente em Itália pela Federação.
Outra dinâmica introduzida no festival ao longo das diferentes edições passou pela realização de diversos colóquios e conferências subordinados à temática da cultura em geral, mas também do cinema e da sua produção.
O Centro de Estudos Cinematográficos/AAC mantém uma parceria de organização com a AACC – Associação de Artes Cinematográficas de Coimbra, que já existe desde as cinco últimas edições do evento. Esta parceria quer continuar a imprimir uma marca de distinção ao projecto sendo no entanto fiel às suas origens e ao seu carácter único no panorama do Cinema Português.

Nenhum comentário:

Postar um comentário